Premonição Parte I - Sol Negro em dilúvio
Acordei suando sob o luar,
Zonzo, decidi levantar,
A lua tão escura sob a cama,
Me olhava como estivera em coma.
A cama vazia, só havia a mim,
Milhas de águas sem fim,
Ardia a nós, oh Sol Negro,
Dentro das paredes deste ser soberbo.
As areias pálidas engolidas,
Construções submergidas,
Molhando sem fim o Carvalho,
Nenhum sinal de espantalho.
Pisei fora com intuito de afogar,
Meu pé foi recusado de afundar,
Passos que jaziam ecos,
Caminhada de séculos.
Caminhava sem uma direção,
Com pés desnudos,
Eis aqui uma premonição,
Voz aos surdos.
Destempero, Despreparo,
Desespero, Desamparo,
O tempo deu tempo,
Estou crendo.
Aos caminhos incertos,
Imperioso sol me seguia,
De cor vívida,
De sensação fria.
Alegro-me de verdade,
Quem tenha falado sabe,
Demonstro estar bem,
Por ser rocha para alguém.
Fui feito carne,
Semelhante ao inimigo destas terras,
Fui feito parte,
Do destronar das trevas.
Muitos acharam os caminhos,
Por Jesus são guiados,
Poucos provam os espinhos,
Os horrores vivenciados.
Invejo os irmãos,
Que não conhecem o Sol Negro,
Sol da Legião,
Trabalhado com esmero.
Se caminho sob esse Sol,
Fui trazido inconsciente,
A este linho fino de formol,
De um recado do remetente.