4 de outubro
Da espreguiçadeira ouviu
um presságio que se imprimia na voz irmã
" gracias a la vida que me ha dado tanto"
E a mão azulada da morte
atravessou a tarde
Sacudiu
numa violência noturna
as palmeiras mais altas
e deixou boiando só uma lasca de silêncio
O não-dizer
agora se perpetuava
na fingida doçura de um domingo
Era hora
de enfrentar a mudez da carne
e abocanhar com coragem
o fruto maduro da ausência