BANQUETE DE VERMES

Aquele corpo tão bem delineado,

qual modelo escultural e belo.

Aqueles traços finos e delicados,

em um boca ardente e faminta.

Olhos de brilhantes noturnos,

seios firmes e pernas torneados.

Cabelos logos, finos e sedosos,

mãos delicadas e esguias.

Atração, glamour, holofotes.

Fortunas em ouro e brilhantes.

Perfumes e sapatos importados,

figurino feito pelos melhores estilistas.

- Por que se preocupou com tanto?

Para nós, o que nos importa é tão pouco!

Só nos basta o seu corpo, nada mais.

E isso é tudo o de que precisamos no momento.

E assim, sem ao menos um agradecimento,

deu se início ao grande banquete já esperado.

Todos e aos milhões, foram se aproximando

e já famintos, os pedaços foram arrancando,

de qualquer maneira, pois a fome e gula,

já não havia mais como ser controlada.

E aquele corpo, tão dentro dos padrões.

Aquela estrutura ricamente preparada,

que outrora, tão bela e delicada.

Vai agora passando por uma metamorfose.

Nada mais será como antes.

Os primeiros sinais: inchaço e escurecimento.

A pele de bem cuidada, agora, vai se esticando,

enquanto o corpo crescendo além do esperado,

já não pode mais ser reconhecido.

Vazamentos de líquidos escuros e fétidos

vão brotando incessantemente ao festejar,

enquanto a pergunta rotineira permanece.

- Por que se preocupou com tanto?

Para nós, o que nos importa é tão pouco!

Só nos basta o seu corpo, nada mais.

E isso é tudo o de que precisamos no momento.

Os convidados aos poucos vão se triplicando.

E quantos mais chegam, mais a fome aumenta.

Comem tudo o que veem pela frente,

não fazem mais nenhuma escolha.

A noite se torna eterna, escura e fria...

Do lado de fora, não haverá ninguém,

que possa dar qualquer informação.

Nem mesmo o silencio conseguirá ouvir

qualquer tipo de roído, por menor que seja,

pois o banquete foi muito bem prepara,

enquanto os convidados só comem, nada mais.

Em tom moderado só os convidados ouviam.

- Por que se preocupou com tanto, se para nós,

o que nos importa é tão pouco (?),

só nos basta seu corpo, nada mais.

E isso é tudo o de que precisamos no momento.

E noites e dias, fez se rico e pomposo, aquele banquete.

Comeram daquelas carnes virgens

e beberam do mais puro sangue que se esvaia

daquele corpo, que outrora fora tão belo e perfeito.

Festejaram e comeram, com tão grade fome e gula,

que por fim só o do que sobrou: ossos, dentes e cabelos.

Nada mais, nem mesmo algum, dos milhões convidados.

Partiram todos, assim como todos, partirão.

Porque se preocupam com tantas coisas vãs,

se o que importa é tão pouco!

Só nos basta um corpo sadio e sábio, nada mais,

pois isso é tudo, o de que precisamos no momento.

Estação do Cercado (MG), 29 de dezembro de 2021.

Tadeu Lobo
Enviado por Tadeu Lobo em 30/12/2021
Reeditado em 31/12/2021
Código do texto: T7417955
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