O BARCO

O BARCO

Enquanto eu souber que a morte me faz companhia,

Viverei cada dia como se fosse o último -

Infinitamente até o jazigo de seu crepúsculo,

Deixando as horas morrerem no alto da catedral,

até se queimarem os sinos numa aurora boreal.

Ver almas irem embora junto ao meu espírito embalsamado aos turíbulos dos cigarros ensandecidos.

Vou engarrafar nas nuvens, naus que se despedaçam no éter de não se sabe aonde, até onde a morte não puder me encontrar...

Pois enquanto eu souber por onde ela anda,

Vou caminhando por ladrilhos estranhos, a passos tortos,

Para não ser seduzido pelo terror de sua dança.

Agmar Raimundo
Enviado por Agmar Raimundo em 24/12/2021
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