92°
O poeta pensa em se matar
Não é de hoje esse pensamento suicida
Ele escreve para prolongar a sua despedida
Todo domingo uma carta de partida
Uma poesia para cada minuto da sua vida
No espelho seu reflexo reflete o diabo
Aquele que separa o bom do mau
Ele passou a acreditar nele quando ficou fraco
E seus demônios não pensam em ajudá-lo
O poeta das frases incompreensíveis
Está com os dias contados
Seu hermetismo está guardado nos poemas
Seu ultimo ato foi de um renegado
Um anjo destruído pelos “não pecados”
E na falta de uma “divindade”
O poeta se entrega ao Hades
No bolso uma ultima moeda
Aquela que o levara para a ultima viagem
O barco se aproxima
E o dia do poeta está mais cedo do que tarde
Não é surpresa alguma a que vai acontecer
Sua metáfora sempre explicita
Diz o que não se pode dizer
A vida é uma flor, a morte uma raiz.
Otreblig Solrac - O poeta burro