A Morte Do Poeta
As paredes desse quarto parecem cada vez tão próximas...
Cada quadro, cada retrato
Parecem zombar de mim.
É claro que eu não sei se é dia,
Ou se é noite.
Tô aqui já faz algum tempo;
A cada dia uma rachadura nova no teto da sala.
Da janela, um urubu me observa.
Eu já não tenho noção de nada,
Sempre tropeçando nos móveis que me cercam.
Já faz alguns anos que não saio.
Se por acaso me vir por aí,
Não fale comigo,
Não olhe pra mim,
Certamente, não sou eu.
Eu tô aqui, no meu novo projeto avançado de putrefação;
Escrevendo poemas
Sobre amor,
E sobre depressão.
Poemas esses que,
Como todos os livros em minha estante,
Jamais serão lidos.