A RASGA MORTALHA
Francisco de Paula Melo Aguiar
Voava em vão a Coruja, em vão voava...
E como esse voo agourento estava absorto?
Em que nem ela via que voava alto e torto.
Para um funesto fim que lhe aguardava.
Assim ela quis matar e matou quem a matava...
Sugava, a fome, inata, natural aborto.
Como assim é o desejo que nasce morto.
Semelhante à liberdade da alma escrava.
Nada é por caso, mais de seiscentos mil faleceu...
Só no Brasil varonil morreu e o voo exausto venceu.
Pela Covid-19, cadafalso um verdadeiro holocausto.
Que impinge o desejo do palanque louco e nefasto.
Infelizmente é assim o homem que corre em sua sina...
Da frustração por não saciar o que pensa que domina.
Patíbulo em forma de pandemia, abandono e carnificina.
É o drama humanitário onde tudo é pouco e extermina.