O anúncio da Acauã

Se é madrugada e o denso frio
Adentra no arrasto da manhã
E acusa o medo um calafrio...
Ouvindo-se o canto da Acauã...

A soar rouca as notas calmas
Sem disfarçar de modo algum
O gemido que vem das almas
A anunciar que "Deus-quer-um".

Ajunta-se o povo em desespero
Ao ouvir-se o canto do mistério
Acode a crença e o destempero
E correm a preparar o cemitério...

Avista-se então no logradouro
O povo crédulo mais simplório
Que interpreta em mau agouro
E tem por certo que há velório...

Sai a sondar quem teve a sorte
Acusada pela tal ave de rapina
Pois sabe que chegou a morte
E alguém cumpriu a triste sina.
 

Adriribeiro/@adri.poesias

 

Poema gótico escrito especialmente para participar da Antologia Nevermore em homenagem à Edgar Allan Poe organizada junto à Editora Casa de Bonecas da AIL. 

 

 

 

Adriribeiro
Enviado por Adriribeiro em 25/09/2021
Reeditado em 27/02/2022
Código do texto: T7350434
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