HOMEM AO MAR
Não sou um náufrago
Eu que me lancei ao mar
Muitas vezes eu fui salvo
O agora só o tempo decidirá
Quero esvanecer esta dor
Engastada no meu âmago
Destituida nas cartas de tarô
Alocada em um gélido cântaro
O malogro teve poder de persuasão
Quando foi mimetizado sobre a pele
A tormenta é só a insurreição do tritão
Jactante aquele que sucumbe sem verve
O recôndito abre as comportas
Imerge o coração no véu cristalino
Uma torrente que irrompe até a doca
E me esfacela sem muito burburinho
O último fôlego chega ser perdulário
Na lúgubre sombra de subterfúgios
É dispensável qualquer estardalho
Pois não se trata de outro dilúvio
Era vida já algum tempo lívida
Sem o mesmo afinco do regedor
Mas ainda com uma certeza nívea
Do vetusto disperso que se entregou
Agradeço muito a interação poética do mestre e amigo Jacó Filho:
Agora que nada sentes,/Preferes manter distância./Entre outras relevâncias,/Cobra promessas pendentes...///