PASSOS AÇODADOS
Ó gloriosa morte
Leve-me em seus braços
Pois sou desafeto da sorte
E sustentáculo do fracasso
Recolha no seu carretel
A linha tênue que é a vida
E colecione mais este troféu
Na caçada implacável e furtiva
Cessa a luz dos meus olhos
E mostrai-me a plena escuridão
Já que o sofrimento é compulsório
E meu coração foi consumido em carvão
Não poderá inebriar-se de sangue
Mas sentará a mesa para seu banquete
E não cometerá os erros de um principiante
E o recalcitrar do despojo de vida é teu deleite
Despedace meus ossos e as escoras
Para que eu não fique debatendo em vão
Pois aquele que de sentimento pede esmola
Em teu leito desfrutará do pernicioso galardão