Sobre a morte e o morrer
Sobre a morte e o morrer
(Mizael Xavier)
Nada há mais democrático do que a morte!
Ela não tem preconceitos
Nem preferência por classes sociais.
A ela não importam a cor da pele
O gênero sexual
O nível intelectual
A filosofia partidária
A beleza ou a falta dela.
Ela vem, ela leva.
Há quem tente retardá-la
Quem estique a vida ao máximo
Mas ela nunca chega antes nem depois
Porque seu relógio não falha
Ela cumpre seu papel com maestria.
Diante do cronômetro da morte
Tudo o que planejamos ser
Seria.
Alguns a sentem levando-os
Agarram-se à vida
Lutam com todas as suas parcas forças
Empregam toda a sua fé.
Outros sequer veem quando ela chega
Um acidente, um tiro.
E tantos vivem por buscá-la
Nos vícios, nos pulsos cortados.
Para alguns, a morte é um carrasco
Para outros, um salvador
E, para aqueles que ficam
Ela, geralmente, é dor.
O que pensar sobre a morte
Além do fato inegável de sua existência
É que, enquanto ela não chega
Existe a vida!
Mas há quem se esqueça disso
Quem viva como se não vivesse
Existindo como as pedras
Ou destruindo a própria vida
Ao desfrutar da morte em vida.
É o paradoxo humano:
Enquanto uns querem se curar
Outros cultivam as suas próprias feridas.
Enquanto há vida, deve-se viver!
Morte é morte em qualquer lugar do mundo
Mas vida é vida também.
Não existe boa morte
Mas existe uma boa vida.
Esperar a morte chegar? Não!
Andar por caminhos de morte?
Jamais!
Mas viver, sim.
Lembra-te de que morrerás
Mas jamais te esqueças de que estás vivo!
E após a morte?
Segue-se o juízo!
Se de um não podemos escapar
No outro não poderemos não estar.
Se não estamos preparados para a morte
Talvez não estejamos preparados para o juízo.
Assim como muitos vivem
Como se a vida não existisse
Como se a morte não existisse
Também pensam que o juízo não virá.
Mas ele vem.
Como enfrentá-lo?
De posse da vida eterna
E esta, somente Deus pode nos dar.
Este poema faz parte do meu novo livro MEMÓRIAS DO VENTO. Todos os direitos reservados. Lei 9.610/98.