DESÍDIA
A alma postergava
Enlameada de rancor
Encomia o fio da espada
Arfava no tenaz fel bordô
Enquanto os lábios níveos
Balbuciavam algo expropriado
Olhos túrbidos ao incontrovertível
Ante o desenlace pertinente ao agravo
Mesmo com as mãos abjugadas
Não acenou qualquer responsabilidade
Pois jamais se renderia ao que o aviltara
Agourando um gozo propínquo sem alarde
A couraça que tanto o resguardou
Agora evidenciava o seu estado fractal
E nos lampejos de memória até o esboroo
Apreciaria o envaidecer da morte em sua nau
Ainda que alguém o revestisse de flores
Já não poderia distinguir o seu perfume
E a quem por este foi ofendido, perdoe
E cubra logo a tua boca com betume