DESÍDIA

A alma postergava

Enlameada de rancor

Encomia o fio da espada

Arfava no tenaz fel bordô

Enquanto os lábios níveos

Balbuciavam algo expropriado

Olhos túrbidos ao incontrovertível

Ante o desenlace pertinente ao agravo

Mesmo com as mãos abjugadas

Não acenou qualquer responsabilidade

Pois jamais se renderia ao que o aviltara

Agourando um gozo propínquo sem alarde

A couraça que tanto o resguardou

Agora evidenciava o seu estado fractal

E nos lampejos de memória até o esboroo

Apreciaria o envaidecer da morte em sua nau

Ainda que alguém o revestisse de flores

Já não poderia distinguir o seu perfume

E a quem por este foi ofendido, perdoe

E cubra logo a tua boca com betume

Heloi Lima
Enviado por Heloi Lima em 28/05/2021
Código do texto: T7266118
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