ALMA SECA
Não é pela roupa preta
Tampouco os óculos escuros
Que expressam a alma seca
E que o coração está de luto
A dor que não cabe no peito
Tende a verter em lágrimas
E não se traduz para o leigo
Saudade narrada em páginas
É algo que tem luz própria
E de repente imerge no abismo
Toma conta de forma endócrina
E recolhe bem mais que o dízimo
É apequenar ante a vastidão
Na desventura da ausência
Ensejar o despojo em vão
E ruir sem penitência
O artífice enquanto criatura
Dilacerado pelo formão e o cinzel
Sentirá o frio decorrendo a medula
E depreciará tudo que existe no céu
Ao vasculhar o seu âmago
Não irá reaver o contraste
Tampouco ver florir sândalo
Mas tão só...Obliterar o disfarce