ALMA SECA

Não é pela roupa preta

Tampouco os óculos escuros

Que expressam a alma seca

E que o coração está de luto

A dor que não cabe no peito

Tende a verter em lágrimas

E não se traduz para o leigo

Saudade narrada em páginas

É algo que tem luz própria

E de repente imerge no abismo

Toma conta de forma endócrina

E recolhe bem mais que o dízimo

É apequenar ante a vastidão

Na desventura da ausência

Ensejar o despojo em vão

E ruir sem penitência

O artífice enquanto criatura

Dilacerado pelo formão e o cinzel

Sentirá o frio decorrendo a medula

E depreciará tudo que existe no céu

Ao vasculhar o seu âmago

Não irá reaver o contraste

Tampouco ver florir sândalo

Mas tão só...Obliterar o disfarce

Heloi Lima
Enviado por Heloi Lima em 14/05/2021
Código do texto: T7255319
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