Tentei, eu juro que tentei.
Eu corri, gritei, me virei do avesso e nada.
Exatamente – NADA – era o que me preenchia.
Procurei nas esquinas, nos becos, nos vales, escalei até o Everest das probabilidades e não obtive nenhum resultado.
Seria esse o meu legado, carregar um fardo vazio contraditoriamente tão cheio de tudo?
Tentei ser fiel a mim e ao próximo, agi com boas maneiras, segui as regras, burlei algumas, fui amável, até demais, confesso, mas de nada adiantou ... 0,0% de sucesso.
Tentei ser gentil com meu coração, mas o pobrezinho de tanto bater se deixou apanhar pelas adversidades da vida, que aos pouco o esmagava a cada pulsar.
Numa questão de segundos tudo se foi, a alegria, a esperança, os sonhos, as certezas, os amigos, a constância, a vontade, a força, a vida.
E então, a dor se derramou lentamente como ácido em peito, corroendo as partes que restavam de mim.
Ouvi ao longe, um leve sussurro, algo sobre o amor que orbitava o meu olhar, isso fez uma última lágrima riscar minha face e em seguida, o tempo se recolheu dentro de mim.
Era a ampulheta do destino tornando-me passado, delicadamente dobrado e guardado em uma pequena caixa, um tanto comum.
Do outro lado da sala, o universo graciosamente sorriu pra mim um lindo amanhecer.
Ao redor da minha dor, pequenas rosas azuis despertaram gentilmente, aquecidas pela luz do amor.
 
"Ninguém viu, nem ouviu, muito menos sentiu, quando a felicidade se fez morada em mim."
 
Xícaras de Prosa
Enviado por Xícaras de Prosa em 08/04/2021
Reeditado em 08/04/2021
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