Redução e ascensão
Não te admire quando me ver
Não te assuste com meu desvanecer
Um dia fui alvorecer
Agora, aos poucos, entardecer
Já fui grande, já fui completo
De amigos, festas, risos, repleto
Hoje, reduzido, fraco, um objeto
Devagar e aos olhos de pena, fico obsoleto
Meus pensamentos divagam pelo labirinto,
da ânsia de não saber se morro ou se sobrevivo,
se sofro ou se alivio, se grito ou silencio...
E vou me agarrando à sede de ficar, meu instinto
Mas a dor é cruel e consome, digere a matéria
A alma, cansada, começa a se levantar
E no último ímpeto do existir, deixar esta miséria,
o suspiro é intenso e a vida, este corpo, abandonar.