Contagem-regressiva
Moribundo preso a um soro
Sofro.
O tempo pinga lentamente, em meu acesso intravenoso,
O líquido.
Até acabar um litro,
Que será substituído por outro...
E quanto mais ele em mim se derrama
Mais derramo o meu pranto.
Espanto...
O soro escorre nas minhas lágrimas
E molha abundante minhas vestes
Meu avental de hospital...
Terminal
Agora eu não sou menos que nada
Acabado, impuro, imundo
Somente doença
Saúde alquebrada
A morte vestida
Com um resto de vida...
Somos todos futuros cadáveres
Em contagem regressiva.