Contagem-regressiva

Moribundo preso a um soro

Sofro.

O tempo pinga lentamente, em meu acesso intravenoso,

O líquido.

Até acabar um litro,

Que será substituído por outro...

E quanto mais ele em mim se derrama

Mais derramo o meu pranto.

Espanto...

O soro escorre nas minhas lágrimas

E molha abundante minhas vestes

Meu avental de hospital...

Terminal

Agora eu não sou menos que nada

Acabado, impuro, imundo

Somente doença

Saúde alquebrada

A morte vestida

Com um resto de vida...

Somos todos futuros cadáveres

Em contagem regressiva.

Sergio Vinicius Ricciardi
Enviado por Sergio Vinicius Ricciardi em 22/02/2021
Código do texto: T7190161
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