Seguir respirando
A enfermidade é prima irmã da consciência da nossa efemeridade
O que ontem eram prioridades sagradas, hoje relevadas
Verdade revelada?
O luxo daqui é lixo?
Sangue, suor e lágrimas
E o legado será o exemplo?
Será a dor da saudade?
Será um sentimento de um Deus injusto?
Será um abalo numa fé capenga?
Remar contra isto vai reforçar nossos músculos sentimentais
Mantras com palavras de força e outros tais
Um dia vamos superar...
O tempo vai ajudar...
O “Ser Forte” é nos convencer que um dia a dor vai doer menos?
Um dia venceremos?
Ficaremos insensíveis?
Tentar pensar menos também ataca nossa consciência
Não proponho saída
Não conheço nenhuma
Sentimentos ruins podem migrar para alguma enfermidade
Às vezes me sinto um rato de laboratório
Estaremos sendo testados
Sob sorrisos de um cientista maluco sádico,
Levando choques para testar nossa capacidade de resistir?
Pensar que é uma lei da natureza?
E me basta esta certeza?
O consolo alcançado
Com todos igualmente condenados?
Ou a promessa de um além
Onde tudo vai estar bem
Todos com um bilhete na mão
Mas desconhecemos a hora e como será a próxima estação
Num encarte a promessa de rumo ao paraíso
Deste caos finalmente de partida?
Sem direito a despedidas: não tem aviso
Alguém deixou a estação
O que nos resta fazer?
Seguir respirando... Respirando devagar...
Isto vai nos salvar?
Quem disse salvação?
A salvação é a promessa do encarte!
Isto é s-o-b-r-e-v-i-v-ê-n-c-i-a!
Quem sabe nestes ares inspirados
Façamos as pazes com nossa fé no sagrado
E, do exemplo, façamos virar semente
Para que em próximas gerações germinados
O tesouro, que segue vivo em nossas mentes,
Siga também nos seus valores replicados