VIDA E SUICÍDIO
Ó vontade terrível de despedir-me da vida e dos instintos
Suspirar e dormir eternamente como um anjo
Ó desejo de divorciar-me destes lobos famintos
E sonhar delícias e amores e auroras e contos
Para que viver uma angústia, uma dor diária?
Se o bom é o prazer dos sentidos em flor
De que adianta inteligência com o corpo em dor?
De que adianta boa-vontade se se é um excluído, um pária?
Seguir Platão, Kant, Sartre, Jesus e com fome
Sendo injustiçado, injuriado, incinerado sem nome
De que adianta morrer por um mundo ingrato?
A morte é banquete de misterioso prato
Não fosse o medo de ser veneno ou manjar
Todos a apreciariam ou não pediriam para nascer ou acordar...