RÉQUIEM
De mim não restou nada
Senão essa tristeza perene
Esse gosto amargo
Essa insípida agonia
Em mim não se fixou nada
Nada além de uma bela mentira
E eu... Eu sei que custa caro
Viver em belas fantasias
Desastres se acumulam nas bordas
Desse lago de lágrimas passadas
Que inundam paisagens virgens
E afastam pessoas do meu convívio
O histórico é uma confirmação
Dos abraços não dados
Dos beijos não sentidos
Das palavras que ferem
Como navalha em carne desprotegida
Por isso sequei meu coração
Molhei minhas pálpebras
Elas... Elas secaram também
A vida é algo repensado
No deteriorar diário
As dores são fantasiosas
As mentiras são sublimes
Os elogios os pilares
Que por construção
Foram sendo demolidos
Hoje já não resta mais nada
O pó que me consagrou
A Fênix que eu era
Morreu sem chances de volta