FOI-SE NA FOICE DA MORTE

FOI-SE NA FOICE DA MORTE

Manoel Belarmino

Foice que ceifa, capina,

No mato da vida... mata

As moitas, ervas, rapina,

E gente que não se trata.

Afiada, de cabo longo,

A foice na mão da morte,

Mira bem certeira o lombo

De quem não tem muita sorte.

Foi-se na foice mais um

Na triste lâmina amolada

Da Morte bêba de rum,

Assassina alucinada.

Foi-se, pegou uma carona,

No embalo da pandemia

Desse tal vírus corona

E ceifado à luz do dia.

Foi-se na foice da morte

O pobre trabalhador

Detentor de pouca sorte

Faleceu sentindo dor.

Foi-se na foice da morte

O bravo policial

Enfrentando a máfia forte

Na guerra, enfrentando o mal.

Foi-se na foice da morte

O traficante bandido,

Varado por arma forte,

Na viela o corpo caído.

Foi-se na foice da morte

O vaqueiro da caatinga,

Caatingueiro homem forte

Bebedor de cachaça pinga.

Foi-se na foice na morte

E não teve o aposento

E não foi falta de sorte;

Foi o governo bixiguento.

Foi-se na foice da morte

Porque o dinheiro sumiu,

A corrupção anda forte

E o povo a saúde não viu.

Foi-se na foice da morte

Aquela mulher do campo,

Depois de esperar a sorte

Apagou-se como relampo.

Foi-se na foice da morte;

Morreu na fila do SUS,

Sem cirurgia e sem suporte.

Só salva a Fé em Jesus.

Foi-se na foice da morte

Porque o remédio não teve

Na saúde teve corte

E a morte a foice manteve.

Manoel Belarmino dos Santos
Enviado por Manoel Belarmino dos Santos em 11/01/2021
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