ANO BRANCO

Francisco de Paula Melo Aguiar

Grito maldito em todo canto do mundo.

Com a humanidade chorando na escuridão.

Da ciência à cova rasa em cemitério profundo.

Diante da liberdade e da escravidão.

O vírus da Covid-19 não tem deferência.

Com a riqueza ou pobreza de ninguém.

Se analfabeto ou doutor por competência.

Onde a vida de ambos não vale um vintém.

Não adianta procurá-lo ou fazer tocaia.

Nada disso tem sentido de fato ou de direito.

No asfalto, no barro batido e na areia da praia.

Cada vivente em si mesmo é um grande suspeito.

Ano branco de nuvens de cor do pó do carvão.

É assim o colorido do mundo triste e moribundo.

Da falta de polidez e do abraço de confraternização.

Diante do foguetório do vá embora vagabundo.

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Enviado por FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR em 26/12/2020
Código do texto: T7144416
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