ANO BRANCO
Francisco de Paula Melo Aguiar
Grito maldito em todo canto do mundo.
Com a humanidade chorando na escuridão.
Da ciência à cova rasa em cemitério profundo.
Diante da liberdade e da escravidão.
O vírus da Covid-19 não tem deferência.
Com a riqueza ou pobreza de ninguém.
Se analfabeto ou doutor por competência.
Onde a vida de ambos não vale um vintém.
Não adianta procurá-lo ou fazer tocaia.
Nada disso tem sentido de fato ou de direito.
No asfalto, no barro batido e na areia da praia.
Cada vivente em si mesmo é um grande suspeito.
Ano branco de nuvens de cor do pó do carvão.
É assim o colorido do mundo triste e moribundo.
Da falta de polidez e do abraço de confraternização.
Diante do foguetório do vá embora vagabundo.