Eu lembro de ter medo das manhãs
Uma luz branca que lhe trazia de volta pra mim
Se eu tivesse a sorte de dormir de noite
E me afastar um pouco das lembranças vívidas
Eu queria morrer de noite pra não sonhar
E de manhã pra não lembrar dos sonhos.
As tardes eram os domingos de quem odeia o trabalho.
Eu respirava, acordava, dormia e comia:
Um animal amaldiçoado com consciência;
Inteligência pra compreender o infinito da falta que você faz.
Pouco tempo depois você ainda faltava,
Como vai faltar pelo resto dos nossos dias.
Mas as manhãs já eram menos fúnebres.
As noites menos claras.
As tardes menos noites.
E mesmo não tendo aprendido nada com a morte,
Que afinal não é, e nem deve ser uma escola,
O sol já não brilha mais nos seus olhos.