Túmulo vazio

Essa que com meu nome me condena,

Essa que noutro modo causa pena,

Se não há pena, há desagrado.

Essa roupa que meu corpo é desusado,

Esta madeira de pouco embalo,

Essa que a culpa ainda respiro,

Essa que o faz desabitado,

Essa que também desabrigado.

As rezas que me jogam vão ao acaso,

Os prantos que são tristes, solitários,

O mistério de estar vivo ou amarrado,

Nesta morte que só se faz mistério.

Corre o boato de corpo jogado,

Corre boato de túmulo vazio,

Essa que os faz desamparados,

Essa que me atribui nenhuma paz.

Nota: Essa = substantivo; catafalco.

Carolina Maria Souza
Enviado por Carolina Maria Souza em 18/11/2020
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