Uivando para lua de concreto

Uivando para lua de concreto

Fecho os olhos e engulo em seco a dor

Rasgando ela desce por minha garganta

A lâmina fria da navalha pensante

Dilacera meu eu lírico em pequenos fragmentos

Sentir

Amor

Ódio

Pensamento

Enquanto é dia minha sombra insignificante

Vaga por entre as ruas presa a um pequeno espaço

Mas quando cai a noite minha sombra

Amplia-se cobrindo a cidade

Poder

Domínio

Absoluto

Coragem

O vento furioso sopra palavras duras e cruas

Cada uma delas esmaga o cerne do meu ser

Aos céus eu imploro uma nova vida

Pois a vida que tenho não quero viver

Angústia

Alívio

Martírio

Dor

Devoro a lua com meus pensamentos

A tudo que digo ela escuta calada

E mesmo sem dizer nada

Suas palavras me matam em silêncio

Viver

Morrer

Loucura

Desejo

Ácidas minhas lágrimas cegam-me

Enquanto elas escorrem corroem minha alma

E eu vendo os meus restos e sobras

Lamento a morte que tardia

Céu

Inferno

Noite

Dia

Ebulindo o veneno de minhas entranhas

Tento deixar o pouco que me convém

Para não cair nas incertezas

E na abominação do esquecimento

Ser

Não ser

Sozinho

Sofrimento

Exorcizando o fel da minha personalidade

Ébrio velho desfaleço moribundo

Até breve é o que posso lhes dizer agora

Enfim embora vou dessa monotonia

Cansado de degustar essa angústia em demasia

Adiantá-la-ei morte da minha vida

Adeus!

Diogo Carmona
Enviado por Diogo Carmona em 13/11/2020
Código do texto: T7110893
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