Uivando para lua de concreto
Uivando para lua de concreto
Fecho os olhos e engulo em seco a dor
Rasgando ela desce por minha garganta
A lâmina fria da navalha pensante
Dilacera meu eu lírico em pequenos fragmentos
Sentir
Amor
Ódio
Pensamento
Enquanto é dia minha sombra insignificante
Vaga por entre as ruas presa a um pequeno espaço
Mas quando cai a noite minha sombra
Amplia-se cobrindo a cidade
Poder
Domínio
Absoluto
Coragem
O vento furioso sopra palavras duras e cruas
Cada uma delas esmaga o cerne do meu ser
Aos céus eu imploro uma nova vida
Pois a vida que tenho não quero viver
Angústia
Alívio
Martírio
Dor
Devoro a lua com meus pensamentos
A tudo que digo ela escuta calada
E mesmo sem dizer nada
Suas palavras me matam em silêncio
Viver
Morrer
Loucura
Desejo
Ácidas minhas lágrimas cegam-me
Enquanto elas escorrem corroem minha alma
E eu vendo os meus restos e sobras
Lamento a morte que tardia
Céu
Inferno
Noite
Dia
Ebulindo o veneno de minhas entranhas
Tento deixar o pouco que me convém
Para não cair nas incertezas
E na abominação do esquecimento
Ser
Não ser
Sozinho
Sofrimento
Exorcizando o fel da minha personalidade
Ébrio velho desfaleço moribundo
Até breve é o que posso lhes dizer agora
Enfim embora vou dessa monotonia
Cansado de degustar essa angústia em demasia
Adiantá-la-ei morte da minha vida
Adeus!