ELEGIA

Você não sabe do preço das coisas.

Nem do peso da terra sobre a urna.

Não sabe dos vermes que invadem a carne,

do corpo apodrecido que já foi perfeito demais.

Nos jornais e prédios da minha rua,

nas bocas sujas e nos contos mais banais,

fala-se de uma vida de trapos de esperança,

pra que quando chegar o fim, haja paz.

Não há paz na decomposição progressiva,

como não há na marcha sobre a terra.

A digestão dos vermes cria notas musicais.

O choro das almas, cria espíritos marginais.

Fadiga e senso comum, sobre a lápide,

falam do que foi e não tem mais razão de ser.

Essa lamúria termina no esterco da vida breve,

Fazendo com que a planta daninha possa florescer.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 20/10/2020
Reeditado em 22/10/2020
Código do texto: T7092172
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