ELEGIA
Você não sabe do preço das coisas.
Nem do peso da terra sobre a urna.
Não sabe dos vermes que invadem a carne,
do corpo apodrecido que já foi perfeito demais.
Nos jornais e prédios da minha rua,
nas bocas sujas e nos contos mais banais,
fala-se de uma vida de trapos de esperança,
pra que quando chegar o fim, haja paz.
Não há paz na decomposição progressiva,
como não há na marcha sobre a terra.
A digestão dos vermes cria notas musicais.
O choro das almas, cria espíritos marginais.
Fadiga e senso comum, sobre a lápide,
falam do que foi e não tem mais razão de ser.
Essa lamúria termina no esterco da vida breve,
Fazendo com que a planta daninha possa florescer.