Vitae, aut mortis taedium.

Tu deves ser maduro,

se é que isso é possível aos 23 anos.

O mundo é duro,

te levará, por vezes, ao pranto.

Seja sincero consigo mesmo,

sua inocência será roubada de qualquer forma.

Solto a esmo,

o viver enfadonho é um carma.

Uma rotina o ajuda, talvez,

fazendo esquecer daquela que está à espreita.

Lembrando apenas da vida,

você esquecerá da única certeza da humanidade.

Por onde tu buscará se eternizar?

Será em tua obra a continuidade?

O pouco tempo que se tem, vai...

Os minutos se esvaindo e te pedem sobriedade.

Logo menos vou me encontrar com Hades,

Com Anúbis, quem sabe?

Com os anjos e algumas divinas entidades?

Não sei, só sei que me vou.

Talvez seja a busca por sentido o motor,

me surpreende quem não se angustia com isso.

Temos tão pouco tempo, isso causa terror.

Só o homem é capaz de se angustiar.

Sorte dos animais que a morte seja um segredo para eles.

Eles são plenamente animais.

Já nós, animais de pensamento, resta pensar sobre morrer.

Se não pensas sobre, talvez seja sortudo com os demais.

Aceitar essa condição, que é inquestionável,

pode ser o caminho para se desamarrar das promessas eternas.

Saber que não viver essa vida pode ser abominável...

O que importa, no fim, é viver como se fosse morrer para sempre.