Versos sobre a morte do amor
Poesia da Morte
Por: Marcos Welber
Poetando
Na sangria das palavras
O grito da lágrima presa na garganta
Poesia da morte
Poesia que é minha existência
Mas minha existência é sempre morte
A morte dos sonhos
O sufoco das necessidades não supridas
O punhal da injustiça fincado nas costas
Sobreviver apenas por sobreviver não é viver
Sobreviver apenas por sobreviver é morrer em câmara lenta
A fome que transpassa a carne
A miséria que dilacera a alma
A angústia que é mais que real, é visceral
A mágoa que é ódio pela desigualdade
Ódio pela injustiça que me obriga a ser menos que nada
Ódio do mundo dos homens
O mundo me fez menos
Que me tirou tudo
O mundo que me impede de viver
E que me obriga apenas a sobreviver
Apenas para morrer todo dia
Minha poesia não é vida
É um canto mais que triste
Angustiante
Vísceras e sangue
Em meio a fétidas feridas na alma
O ódio que me corrói por toda essa desigualdade, a qual me fazem engolir goela abaixo
Eu estou nesse mundo
Mas não pedi para estar
Também não pedi para sofrer
Nem para morrer todo dia um pouco
Não há o que fazer
Minha existência é morte
Não tenho vida
Não tenho nada
Nem ninguém ao meu lado
Estou completamente só
Nem fé eu tenho
Eu só acredito na dor, no nada e na morte
Tuas palavras são secas
Todas as palavras são secas e vazias
Porque palavras não exterminam a dor
Nem aplacam essa imensa fome que trago dentro de mim
Porque eu sou apenas e somente dor
Não há sorriso de alegria
Apenas sorriso que transpira morte
Eu sou a escuridão da existência massacrada
Sou os sonhos exterminados por esse lixo chamado sociedade
Eu odeio o mundo que não escolhi
A vida que nunca pude ter
E eu odeio essa existência rastejante, triste, solitária e podre
Eu odeio o Deus me criou apenas para sofrer
Não acredito em sentido da vida
Porque nunca eu soube o que era vida
Desde meu nascimento, eu carrego dentro de mim às sombras obscuras da morte
Não sei o porquê me sinto assim
Só sei que não pedi por isso
E que existir me pesa tanto
Existir só sozinho
Perdido nas teias fétidas do abandono
E agora eu só queria ter a coragem para acabar com tudo
Eu só queria ter coragem de abraçar às sombras da morte e desse mundo que eu tanto odeio, partir para todo sempre.