As carpideiras dos cem mil mortos
No cortejo do horror não se ouvem os benditos de defuntos.
Sós,
as almas não recebem as incelênças para lhes antecederem a passagem.
As máscaras subtraem as lágrimas, impedem seu rolar pelas faces
que sofrem.
Que, estupefatas,
olham os caixões fechados sem o alento da despedida...
A dor se esgueira pelas frestas da madeira,
tentando seguir junto, um pouco mais.
No cortejo do horror não se ouvem os benditos de defuntos.
A aspereza da pressa, ritual macabro e frio...
No ar, somente o barulho da pá.
Pelos olhos, os lampejos de lembranças de um passado tão próximo.
De ontem mesmo
sequestrado pelo vírus...
De um futuro ceifado,
sorrisos nunca dados gravados no esgar da boca...
Não há elegia.
Sós,
as almas não recebem as incelênças para lhes antecederem a passagem.
O pranto e a revolta, engasgando o pensar,
silenciam as vozes das carpideiras dos cem mil mortos.
Exaustas e desamparadas, elas não cantam mais...
No cortejo do horror não se ouvem os benditos de defuntos.
Sonhos interrompidos...
Mortalhas de dor e sofrimento,
lamentos sussurrados...
Inumeráveis.
Insubstituíveis.
Inesquecíveis.
Os cem mil mortos do Brasil.
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Interação do Mestre Jacó Filho. Obrigada!
Morre também empatia,
Pois o povo acostuma...
Fazem festa sobre tumbas,
Em muitas periferias...
Muito obrigada!
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Interação do Mestre Fernando Cunha Lima
CARPIDEIRAS MASCARADAS
Ante do silêncio sepulcral das lajes,.
Apaga-se o chorar das carpideiras,
Antes se ouviam por noites inteiras,
Tentando amparar certa viaje.
Silêncio, que parece um ultraje,
Máscaras, guardam gotas derradeiras,
Escondem a face destas companheiras,
Sobre o caixão de quem já não reage.
Família e amigos são ausentes,
Os corpos enterrados simplesmente,
Ao som de um som seco nada mais.
O barro vai caindo no caixão,
Como se fosse um triste cantochão,
Marcado pelos ritmos das pás.
Interagindo com a musa dos versos,Lyzzi.
18-10-2020.
Fernando cunha lima.
Obrigada pela honra!