O POÇO

Quem deu um boa noite

E disse de que valeu o dia

Onde se vê o brilho da foice

Da vida não vê as maravilhas

Que das tentativas veio o erro

Guardou em silêncio as lágrimas

Veio o medo e caiu em desespero

Onde foram parar as ditas dádivas

E neste quarto frio e solitário

Vou pagando a minha penitência

Aceito o convite do tempo perdulário

Das minhas escolhas peço indulgência

Sei que um dia não é igual ao outro

E que a vida por vezes se paga

Mas comigo só deu o troco

Com muitas balas de prata

Hoje o sorriso é o meu desafeto

E a tristeza o livro de cabeceira

Quando eu quis ficar tão perto

Só avistei uma ribanceira

Talvez na areia movediça...

Eu tenha me enterrado até o pescoço

Acreditando que ainda há uma premissa

Quando já me via refletido dentro do poço

Heloi Lima
Enviado por Heloi Lima em 08/07/2020
Código do texto: T7000296
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