ABISMO

O pensamento em brasa incandescente

Transformava medo em refúgio iminente.

Limitado ao próprio tempo, indolente

Preso ao tênue fio entre solidão e morte

À mercê da própria sorte.

Embrutecido pelo asco da irreversível prisão

Incompreensível destino era a prescrição.

Derrotado, exaurido, sofrido

Um turbilhão de memórias e insatisfações afloram

Descem ao ínfimo sugo e o devoram.

Quanto não daria para não tê-las sentido!

Como folha ao vento

Intrínseco desalento.

Desalinhado propósito fita o tempo.

Um mergulho profundo

Amarga o infortúnio daquele que tudo aposta

E roça, toca, esboça.

Infeliz sina vagueia

Aranha que tece a teia

Num mundo febril, hostil

Não mais sensato, pueril.

O amargor no peito permeia

A tristeza desnorteia sobras da finita paixão

Que no cerne palpita em vão.

O sorriso esvaiu

Melancolia o sucumbiu

Labuta não mais existe

No íntimo daquele que morre triste.

Nada mais há que se agarrar

Morreu a esperança do olhar!

#feelingsoflifebyzu

Zuleide Colombo
Enviado por Zuleide Colombo em 28/06/2020
Reeditado em 10/11/2021
Código do texto: T6990265
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