ABISMO
O pensamento em brasa incandescente
Transformava medo em refúgio iminente.
Limitado ao próprio tempo, indolente
Preso ao tênue fio entre solidão e morte
À mercê da própria sorte.
Embrutecido pelo asco da irreversível prisão
Incompreensível destino era a prescrição.
Derrotado, exaurido, sofrido
Um turbilhão de memórias e insatisfações afloram
Descem ao ínfimo sugo e o devoram.
Quanto não daria para não tê-las sentido!
Como folha ao vento
Intrínseco desalento.
Desalinhado propósito fita o tempo.
Um mergulho profundo
Amarga o infortúnio daquele que tudo aposta
E roça, toca, esboça.
Infeliz sina vagueia
Aranha que tece a teia
Num mundo febril, hostil
Não mais sensato, pueril.
O amargor no peito permeia
A tristeza desnorteia sobras da finita paixão
Que no cerne palpita em vão.
O sorriso esvaiu
Melancolia o sucumbiu
Labuta não mais existe
No íntimo daquele que morre triste.
Nada mais há que se agarrar
Morreu a esperança do olhar!
#feelingsoflifebyzu