SOMBRAS DO MAL
O mal, com o seu narcótico deletério,
Domina as vidas humanas
Que pouco sabem a respeito de si mesmas
E invade o mundo com a sua pestilência
Na propagação de prejuízos terríveis e incalculáveis.
O mal está nos lares
E nas atmosferas insalubres de trabalho.
Ele está presente nas más conversações
Inoculadas por seres vivendo
Sob rancores mal-resolvidos.
É o mal a necessidade de subjugar o outro
Com as vociferações
De uma língua destruidora e insensível.
Nas esferas do macro-poder, o mal vomita
Toda a podridão de seus pecados sobre uma nação
Já deteriorada estrategicamente pela corrupção
De muitos de seus cidadãos vivendo
No anonimato de suas trapaças cotidianas.
O mal muitas vezes se disfarça
De uma aparência piedosa de santidade.
E há aqueles que, guiados pelos seus líderes,
Intentam orgulhosamente justificar as suas atrocidades
Em nome de suas crenças ''bem'' fundamentadas.
O mal, esse estimulante mais viciante que qualquer vício,
Desabou como pragas
Em meio as conquistas da ciência,
Ao arrasar cidades inteiras na noite de uma era infernal
Propícia ao crescimento dos revanchismos,
Dos fanatismos, dos ressentimentos
E dos ódios raciais mais enraizados.
O mal, antes de dilacerar o coração de sua vítima,
Já sai de um ser mortalmente dilacerado e incapaz
De manter uma verdadeira comunhão fraterna
Que poderia amparar qualquer vida
E salvá-la dos laços da morte de todos os dias.
O mal se prolifera como ferozes ervas daninhas...
Elas foram.muito bem cultivadas
E se aprofundam na alma
Daqueles que camuflam a sua vulgaridade
Enquanto subsistem no seu submundo
Fecundo em intrigas e maquinações ocultas.
O mal é o combustível de nossa sociedade
Que não suporta os marginalizados, os sonhadores
E tampouco tolera a presença implacável do diferente,
Cuja liberdade invejada é manifestar profusamente
Uma autenticidade nos seus modos de ser e de viver.