Eva - Com Gustavo Valério Ferreira
A tarde que retumba os vãos sabores,
a mesma que me traz as alegrias,
sussurra, bem baixinho, dissabores
e arrasta-me por foscas rodovias...
Enquanto os vastos campos incolores
dominam minhas ânsias mais sombrias...
Harpejo tantas odes de temores
que verto sangue pelas áureas vias...
O verbo que macula toda a gente,
o mesmo que nos traz alguns delírios,
congloba toda a astúcia da serpente
lançando-nos em pessoais martírios.
Jazendo errante em minha sombra ausente
— a tarde e o verbo são amargos lírios —
ofendo a luz em teu silêncio ardente
Nos descaminhos fúnebres dos círios.
E em versos esta horrenda e insana treva
que arrastas pela senda mais soturna...
Conserva a monstruosa e quente ceva
no canto da ave tétrica e noturna...
Perdido nesta noite em ti, ó Eva,
apenas vejo a sombra taciturna...
Contemplo o teu poema que me eleva
e calmamente fecho a tua urna.
* Presente na obra "Delírios Circulares" do amigo Gustavo Valério Ferreira.
* Presente também na antologia Escola Revivalista.
* Versos Ímpares por Gabriel Zanon Garcia
* Versos Pares por Gustavo Valério Ferreira