Eva - Com Gustavo Valério Ferreira

A tarde que retumba os vãos sabores,

a mesma que me traz as alegrias,

sussurra, bem baixinho, dissabores

e arrasta-me por foscas rodovias...

Enquanto os vastos campos incolores

dominam minhas ânsias mais sombrias...

Harpejo tantas odes de temores

que verto sangue pelas áureas vias...

O verbo que macula toda a gente,

o mesmo que nos traz alguns delírios,

congloba toda a astúcia da serpente

lançando-nos em pessoais martírios.

Jazendo errante em minha sombra ausente

— a tarde e o verbo são amargos lírios —

ofendo a luz em teu silêncio ardente

Nos descaminhos fúnebres dos círios.

E em versos esta horrenda e insana treva

que arrastas pela senda mais soturna...

Conserva a monstruosa e quente ceva

no canto da ave tétrica e noturna...

Perdido nesta noite em ti, ó Eva,

apenas vejo a sombra taciturna...

Contemplo o teu poema que me eleva

e calmamente fecho a tua urna.

* Presente na obra "Delírios Circulares" do amigo Gustavo Valério Ferreira.

* Presente também na antologia Escola Revivalista.

* Versos Ímpares por Gabriel Zanon Garcia

* Versos Pares por Gustavo Valério Ferreira

Gabriel Zanon Garcia e Gustavo Valério Ferreira
Enviado por Gabriel Zanon Garcia em 01/06/2020
Reeditado em 28/08/2022
Código do texto: T6964261
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.