A MORTE DO POETA
Papéis jogados no chão,
O sangue ainda a escorrer.
Na escrivaninha a caneta
De quem não pode mais escrever,
Anuncia ao mundo como seta
Apontando para o poeta,
No chão acabando de morrer.
A cena que eu vejo ali
despedaça o meu coração.
Não mataram apenas um poeta
Apagaram a voz de uma nação.
Eu imploro que façam a coisa certa,
Aquela cena toda me inquieta,
Me dói ver minha alma no chão.
Morre com o poeta, com o escritor
O que ele não disse e não escreveu.
Uma voz calada para sempre,
Muitos gritos e agitos ceifados.
É a morte da alma e da mente,
Morre com ele um pouco da gente
E de nossos sentimentos silenciados.
Retiro-me daquela cena de crime
Sem ao menos saber quem o matou.
Gritando para o mundo a sua morte,
Implorando a voz que alguém calou.
Mas o mundo observa-me mudo
Isso é inacreditável, é um absurdo!
Eu preciso saber quem me matou.