Além vida

A ave negra canta, arrepia e lança

Sobre minha alma um grito de desesperança

Sobre o monte, ao lado da igreja, eu vejo o demônio trepado na macieira

O próprio ser humano!

Uma silhueta obscura daquele que é coveiro de sonhos!

E percebo ao fundo

A orquestra fúnebre do diabo

Paganini e a ópera lírica à luz da lua

Que ilumina as encruzilhadas deveras obscuras

E eu ouço com súbita atenção

A sonata sepulcral e convulsiva

A orquestra cadavérica e fedida

Que me reabre no peito a apodrecida e pálida ferida

Rasgando-me com uma afiada navalha

Lâmina maldita que ceifou os meus sonhos em vida

E que me acompanha nessa tortuosa estrada

Bruno Alme
Enviado por Bruno Alme em 15/05/2020
Código do texto: T6947616
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