Além vida
A ave negra canta, arrepia e lança
Sobre minha alma um grito de desesperança
Sobre o monte, ao lado da igreja, eu vejo o demônio trepado na macieira
O próprio ser humano!
Uma silhueta obscura daquele que é coveiro de sonhos!
E percebo ao fundo
A orquestra fúnebre do diabo
Paganini e a ópera lírica à luz da lua
Que ilumina as encruzilhadas deveras obscuras
E eu ouço com súbita atenção
A sonata sepulcral e convulsiva
A orquestra cadavérica e fedida
Que me reabre no peito a apodrecida e pálida ferida
Rasgando-me com uma afiada navalha
Lâmina maldita que ceifou os meus sonhos em vida
E que me acompanha nessa tortuosa estrada