HOMENAGEM AO MELHOR DE TI
(À minha cara poetisa e amiga, IDA KATZAP)
Óh! minha doce e corajosa poetisa...!
senta aqui, ao meu lado e conversemos...
Falemos, da vida, do amor e da poesia...
talvez da morte...
e da imensa mágoa
de se viver sozinho...
Nesta noite...
a noite não existe!
Tudo é luz!
É sonho e fantasia...
Mas, hei de morrer um dia...
Não sei quando...
e hão de chorar por mim,
os passarinhos...
As flores jogarão por terra
as suas pétalas...
E o vento levará meu nome
num sussurro...
O rio, murmurará
teu pranto...
triste e cansado de viver tão só...!
O sol iluminará teu rosto...
e a Lua sobre a minha campa
deixará um sudário de luz...
De mim, ninguém se lembrará jamais...
Conhecerei o mundo
diluído em universo...
e sentirei a vida
palpitando em toda a parte...
Qual uma sombra
esgazeada pelos montes,
hei de vagar perdidamente
nas sílabas de um verso...
e este diálogo que já é monólogo
vai repetir-te uma lembrança ausente...
E tantas vezes te direi saudoso
dos velhos sonhos não sonhados juntos
que hás de entender estrelas
de brilhante luz...
e as brancas pombas
que se vão além...
E assim, vestida de elegante nada
bailarás em nuvens
com teus pesinhos nus
e as cordas tênues de tua lira augusta
hão de vibrar silentes
a doce voz deste cantochão...
e guardarás contigo na melancolia
esta memória triste
do melhor de mim...
Porto Alegre, 25/01/1986
(À propósito do poema “O melhor de mim”, no livro “Nua, vivendo emoções”, da graciosa poetisa e amiga Ida Katzap).