Vida e morte

Vida e morte

-Ah! Todo dia, jovem quero ser

Beijar às papoulas das rosas

Apertar às carnes voluptuosas

De desejo e amor padecer!-

-Como cadáver, padeço no frio

Sombrio... Sombrio...Sombrio...-

-A lápide de pedra te espera

As rosas ficarão podres

Os corpos com gases, odres-

A larva belicosa revela.

-Mas como ? Se a vida é bela

Se vivemos no paraíso

Basta ver todos os sorrisos

Coloridos, como uma aquarela!-

-A rosa ficará sem seu orvalho

E o seu recôndito galho

Miserável, há de apodrecer...

Há de ficar podre e cinzento

E os bichos famulentos

Vai fazer o "osso" aparecer!-

-As rochas de cores opalas

Hão de ser nosso barbacã

Protegendo-nos do afã amanhã

Como são, das flores, as sépalas!-

-Não há de proteger da dor o nascido

Nada alenta o seu gemido

E sua dor eterna, infinda...

Ninguém ouve seus choros

Teus brados em dolorosos coros

E a morte há de lhe cessar ainda!-

-Aqui, ninguém desdenha

Só há bons corações

E a principal fala dos ermitões

É "Deus te ame, Deus te tenha"!-

-Cadê Deus que não me ouve ?

Se um dia, Deus, Deus houve

De amar à humanidade

Este dia não aconteceu...

Só desgosto... e seu apogeu

Esta com os indigentes da cidade! -

-Ama Deus, ele é o consolo

Ele é a forma mais precisa

Do Ser que se transcedentaliza

O silvo, o trom, o arrolo...-

Cardoso de Figueiredo
Enviado por Cardoso de Figueiredo em 07/04/2020
Reeditado em 24/04/2020
Código do texto: T6909559
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