A flor cremada sem velório
tem mil flores no quarto,
cheiro de fogo e mato,
tem eu, memórias e teu retrato
julguei encontrar tesouro raro
mas desfez-se, como zircônia,
um souvenir falso
em meio à lágrimas densas
sem lugar na correnteza
dormi e acordei sufocada
em tua ausente presença
ainda pude viver a inocência
e pureza, da flor nascida no terreno
instável da incerteza
morreu à míngua, sem a necessária
paciência -tornou-se fóssil - maculado
de equívocas sentenças
ouvi dizer - em sonhos
que esta flor ainda vagueia
em outros planos
rindo-se de nós,
arrogantes humanos
pretendentes à sapiência do amor
o mais misterioso dos fenômenos!
Jady Ramírez, 21 de março de 2020.
"A dureza exilou-te de teu próprio reinado e, em cada um destes versos, encontrarás o ouro que fizeste rejeitado."