FEMINICÍDIO

Dentro da noite escura e fria,

um grito de apelo e grande dor.

Ninguém por perto, tudo deserto.

Talvez um choro ou um soluço profundo

e um adeus a este vasto mundo.

Nenhuma testemunha.

Nenhum movimento.

Vento parado,

tempo corrompido

e o que se ouve?

Nada mais que um estampido.

Só...

Na escuridão da noite,

sorrateiramente, uma sombra

em seu hábil silêncio,

desaparece sem deixar vestígio,

mas, largando para traz o corpo.

Um corpo frágil e delicado.

Um corpo jovem e atraente.

Um corpo ainda, quase criança.

Agora,

a noite se torna a cada instante,

mais profunda e muito mais fria.

Talvez alguns grilos, venham entoar

seus fúnebres cânticos,

como em uma despedida.

Enquanto aquele corpo, bonito e gélido,

alí solitário e já sem vida,

espera paciente e em silêncio,

que as redes sociais sejam notificadas.

Mas, enquanto isso...

Ninguém por perto.

Nenhuma testemunha.

Só um grito de apelo que ecoa,

dentro de uma escura e fria dor.

Dentro do deserto,

um choro profundo.

E um vasto mundo,

num soluço em grande dor.

Um adeus,

sem mais nenhum movimento.

E o que se ouve?

Nada mais que o vento

sem movimento,

parado e corrompido.

Na escuridão, a sombra da noite,

sorrateiramente com seu corpo

jovem e silencioso, desaparece,

largando para traz, alguns grilos,

solitários e já sem vidas.

Só...

E o que se ouve?

Nada.

Nada mais que um soluço profundo,

abafado pelo estampido

de uma estupida e gélida cápsula,

que atravessou o escuro da noite

a procura daquele corpo frágil e delicado.

A procura daquele corpo tão jovem e atraente.

Daquele corpo ainda quase criança,

mas que mesmo assim, sonhava.

Sonhava em ser modelo.

Sonhava em ser uma estrela

a brilhar nas redes sociais.

Várzea Da Palma (MG), 15 de janeiro de 2020.

Tadeu Lobo
Enviado por Tadeu Lobo em 16/01/2020
Código do texto: T6843517
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