Cidade das almas perdidas
Ó terra tão esquisita,
Com anjos bem caída,
Por doutrinas maldita.
Em ti quanta presa vida!
Queriam mundano conserto,
Pondo-te literal enxerto.
Mas nasceram pilares de espinho
E pedregulhos no caminho.
Fundaram antro a céu aberto.
Houvesse d’alma mapa,
A tua seria de ruínas;
Cá, lá, onde a vista escapa,
Danosas e negras minas.
Bruxas e mortos em torno
De entidade de corno,
À caça de almas;
Cruentas palmas.
Catástrofe tramam.
Ardiloso plano clamam.
Corpos pendem pendurados
De ramas enrijecidas.
Maçãs putrefatas de pecados,
Mais finas que primas trazidas.
Caem qual chuva infernal.
Ai! Ardem-nos gotas do mal!
A salvação é um sonho
Ao qual Ele olha risonho,
Tecendo a seus desgraças,
Moendo almas como traças.
Sou um desses no meio perdido,
Obcecado de luzente pedido.
Mas os olhos do negro Senhor
Meus adentram sem ruído, clamor.
Já de novo faço seu compasso
E não resta de saída um traço.
Recolhe-me nas úmidas asas
E volto à servitude das brasas.
Há inda tanto serviço
E sou apenas um noviço.