XIX

XIX

Não quero ir para o céu,

nem para o inferno

Não quero acreditar que

existam lugares assim.

Quero morrer em paz

e purgado pela dor.

Não quero sentir mais

nada.

Nem frio, nem luto

e nem dor.

Rogo ao universo que

não exista nada para

além da morte.

Não quero voltar como

humano e nem como

um animal.

O que eu quero é

deixar de querer.

Quero ser consumido

por larvas e voltar

a virar nada.

Nem deus ou diabo,

nem santo ou exu.

Que o nada me

consuma.

Que o tudo me

esqueça.

Que à noite não

tenha fim.

Que o dia escureça

em mim.

E voltarei ao esquecimento,

da mesma forma

que fui lembrado.

Não vou deixar

bilhete e nenhum

recado.

Só posso deixar

frases, saudades

e poesias.

Deixo também o

que não fui.

O que fingir

ser

E onde escolhi

permanecer.

iaGovinda
Enviado por iaGovinda em 16/12/2019
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