ÓBITO
De que me vale
o beijo que não dei,
o abraço que não tive
quando, sem querer, escorreguei
e caí na ilusão de quem vive.
Antes, meu óbito era certo
e o meu espectro vagava
por entre as sombras
onde elefantes sem trombras
pisoteavam o meu corpo.
Ferro, pétreo e fogo
expurgando-me do jogo
que se chama vida
e a carne arrancada do osso
numa violenta mordida.
Um brinde feito de absinto
à morte - esta puta
que dá a todos a cicuta
misturada e oculta
em prol do ser saudoso - extinto!