Elegia do Botão Vermelho
As lâminas cintilavam a esperança
da paz, que seria perpétua e imutável.
Venenos bailavam na sublime dança
do meu suicídio, minha dor incomensurável.
Mas... E agora? - Te pergunto eu.
Profundissimamente afogado em breu
Perdi meus objetos de emergência suicída.
Jogaram fora as lâminas, o veneno acabou.
Fiz um chá suicída, como um druida;
Mas o chá, traidor, não me matou.
Eu estou vivo, mais vivo do que nunca
E isso é horrível, péssimo; é triste.
A dor, pantera dos infernos, ainda existe.
E frágua chagas ainda oriundas.
Sinto enxaquecas inconvênias e moribundas;
Eu choro em silêncio no meu quarto;
Eu falo em silêncio pro meu quarto
psicólogo, ele tenta ajudar, mas é inútil.
Meu acalanto sereno é a possibilidade
de morrer. Exercito meu suicídio todo dia.
Em minha imaginação, longe da amarga verdade;
Jogo para longe, assassino(me) a melancolia.
Me mato. Todos os dias eu me mato.
De diversas formas em minha mente.
Suicido-me de maneiras diferentes, diariamente;
Se eu pudesse, me mataria de fato.
Eu me mato, e isso me deixa feliz.
Em meus desvarios eu sangro como um chafariz.
Eu morro. Todo santo dia eu morro.
A morte imaginária é meu único socorro.
E a possibilidade de morrer me deixa feliz.
Meu suicídio favorito é o botão vermelho.
Imagine! Sublime! A somente um click
de distância, apagando a ânsia do meu centelho.
Um botão. simples, pequeno e vermelho.
Um clique, assim simples, para morrer.
Esse, agora, é todo o meu querer!
Imagine! o sublime e carmesim escaravelho
Imóvel, espreitando-me com o seu evangelho
de sangue. Em um desejo já velho.
Apertar o botão da morte, vermelho.
E morrer! Finalmente morrer!
Seria pedir demais?
Apertar um botão para não sofrer jamais.
Um botão, que apagaria-me o centelho.
Ah! Como eu queria - Tanto eu queria
Apertar o imaginário botão vermelho!