Cismas de minha morte
Só sobra a carcaça,
Marchas fúnebres e mórbidas
Estou prostado em uma caixa sólida
Refletindo sobre a minha desgraça!
Cítolas, liras e violões
Choram minhas dores
Em vida, toquei-os para os meus amores
Recitando sonetos de Camões
Ainda carrego trágicas dores
De ser abstrato, inconsistente e monista
Fui poeta, escritor e artista
Mas só morto, recebi flores!
Por que arrancou da árvore seus gineceus ?!
Para poder dar -me ?!
Isso é improfícuo, pois pode observar-me
Subindo aos céus!
Eu não quero receber matos!
Pois secou meu "corpo de plasma"
Vou viver sob "fisiologia de fantasma "
E o que resta, será devorado por ratos!
Já vejo Davi com seus salmos
Alegre, sorridente e cantando
Meu corpo podre está se deteriorando
Debaixo de sete palmos!
Em inexoráveis rogos
Vejo a escuridão tomando conta da visão
Em lágrimas telúricas de aflição
Minha sombra faz monólogos!
É a morte, meu caro!
Este ciclo energético poderoso
Que apodrece as carnes de um leproso
E ele sente o fedor pelo faro!
A morte é uma hórrida festa!
Que agoniza todas as células dos embriões
O vírus que habita os pulmões
Dança, coagula e se manifesta!
-Por que meu corpo continua adoecido ?!-
Grito, nessa infinita imensidão
Tenho uma profunda exatidão
Das tristezas de um nascido!