SOLIDÓQUIO DE UM MORTO
Em meu último ato,
quero externar tudo o que sinto
ou que já senti...
quantas vezes eu não me senti sozinho,
com medo e isolado de todos
deprimido por não dizer quem eu sou de verdade.
Se eu pudesse voltar em um momento que estava vivo,
antes dos vermos atacarem meu corpo,
aproveitaria cada amor, cada encontro;
me encantaria com cada sorriso,
me dispunha a conversar com todas as pessoas,
me convenceria a tentar a ser feliz.
Eu fui feliz
sem saber que eu era feliz,
eu fui amado,
sem saber que eu era amado,
na verdade, eu fui cego emocionalmente,
mas com minha morte enxergo
o quão era bom estar vivo,
mesmo desejando estar morto.
(SOUZA, Éderson – 04 de outubro de 2019)