A pesca

Morte! Morte! Morte, dá-me o manto!

Desse teu descanso tenebroso,

Prepara-me o travesseiro honroso,

De tua cama horrenda o acalanto!

Porque traições o sono sequestraram,

Daquele sonho já há muito torturado

Do pueril ânimo há tanto decepado,

Pelas mentiras que todos me contaram!

Pois que morri, meu velório, estes dias

Depois da morte injusta de meu pai;

Finda a espera e ansioso o corpo cai

Alegra o peito no silêncio de agonias!

Que qualquer divindade dê-me à terra!

E que o pó valha-me a alma no final,

Cantem hinos a qualquer hoste divinal

Sorrindo pelo enfado que se encerra!

Teresina, maio 2016.