Ah, senhora morte
Ah, senhora morte, porque me rondaste?
Impiedosa, sequer ainda chorei as lágrimas de ontem,
Levou me a mãe, agora, o pai.
adulta, estou órfã.
Já não sei da reza capaz de aquecer os ossos.
Sinto frio.
Perdi me, na estrada.
Jamais serei filha de volta,
Nem menina,
Sem a benção da noite.
A cadeira de balanço sente a falta do peso,
Dos pés arrastados, da manta velha, dos cabelos brancos.
Estou só.
Olho para os meus filhos nesse canto,
Preciso ensinar lhes sobre a vida
A morte, é só mais um dia pra viver
A morte é só mais uma dor,
Sem medida, sem tamanho.
Ela só é.
Esqueça me por agora,
Preciso velar me,
Parte de mim, não tem amanhã.
Eu me luto, nesse silêncio.
Lu Genez, 25 de maio 2019