Super novas

Velhas vozes,

caminheiras do tempo.

Por mim, todas ouvidas.

Falam-me dos sentimentos.

Tempo.

Sempre o tempo!

Profetiza as partidas...

Em minh'alma ficam marcas,

tenho o coração tão pequeno!

Fagulhas de luzes,

de lágrimas.

Sóis que queimo.

Silencioso é o vácuo,

no escuro o brilho é tão tímido!

Chorem seres de barro!

A todos velas se acendem.

Mas quem resiste ao tempo,

ao vento ?

Quem é que os vence?

Logo,

se apagam.

Fica a dor destas chagas;

aqui estou a senti-las,

vela-las.

Feridas as minhas estrelas!

Fagulhas que tanto piscam,

se apagam.

Pirilampos, vaga-lumes,

seres que as imitam.

Imaginam reinar no escuro,

tal como ouro eles brilham!

Brilham, porém, não resistem,

se apagam.

Raros são os sopros da vida,

bilhões de pontos de solidão!

Almas em despedida;

quase um nada,

se apagam.

Eternas capelas,

tão próximas,

distantes...

Queria poder tocá-las,

dar-lhes as minhas mãos.

Do alto todas fascinam,

assassinam-me.

Velha barca dos viajantes,

dentro de ti, vai tanta gente!

Já não tenho mais chão;

nem presente,

perdi minha direção,

Vivo agora das memórias,

desse ausente.

Oh, nau dos mortos,

Brilhem as super novas!

A noite estarei aqui a vê-la passar...

Deixem as vossas covas;

cruzem as águas da morte,

rompam com este mar.

Porque sei que alcançaram os portos.

E algum dia...

Um dia!

Ai também vou estar.

Autor:

Francisco de Assis Dorneles

ChicosBandRabiscando
Enviado por ChicosBandRabiscando em 04/08/2019
Código do texto: T6712419
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