Relato de um suicida

Relato de um suicida

Tão alegre quanto sua tristeza

Lacrimejar em meio a sorrisos

Suaves olhos repletos de crueza

A depressão dos indecisos

Os dias sufocam amargamente

E os risos começam a cessar

Torvelinho instiga sua mente

Em meio a gritos deseja parar

Aqueles que sordidamente espreitam

Aguardam silenciosos o momento

Frente os frio corte se deleitam

O findar duma alma em tormento

A cena é vista e noticiada

Familiares deveras entorpecidos

A depressão muito antes anunciada

Desacreditado, desfalece escarnecido

Então sua carta é finalmente lida

“O mundo é tão cruel e insensível

Procuro em vão uma saída

Mesmo que eu parta ao invisível”

“Meu coração não suporta essa dor

Tal solidão fragiliza minha mente

Sou tomado por intenso horror

Procuro fugir incansavelmente”

“E aquela voz sórdida que grita

- Tenho a solução de seus temores

Meu coração esperançoso se agita

- Não sofrerá com tais horrores”

“Então, ao abismo lanço-me absorto

Aos braços do amigo infernal

Deparo-me com meu corpo morto

Eu fraquejara no final”

“E agora, açoitado por algozes

Lancei, vociferei e bradei pragas mil

Defrontei-me com cenas atrozes

Horripilantes como jamais se viu”

“E a dor que meu peito lancinava

Tão viva e Minh ‘alma ulcera

E a solução que eu procurava

Tornou-se então minha quimera”

“Sonhos perdidos na lamina fatal

Meus despojos jazem na podridão

Ao encontrar-me no final

Perdido assim na vasta escuridão”

Eduardo Benetti

Eduardo Benetti
Enviado por Eduardo Benetti em 04/06/2019
Código do texto: T6664613
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