Canceroso
Agora, nessa hora derradeira,
Gritos irrompem, não contidos,
Sussurra cúmplice a mensageira,
Suave e austera ao pé dos ouvidos.
A morte inevitável; uma questão de tempo,
Um balbucio rouco, mero contratempo,
É chegado o momento de entoar a confissão,
Resta apenas a chance da forçada contrição.
A canção de ninar agora é gris e amarga,
Sem basajaun ou o mito de baba yaga,
Não há mais um conto para contar,
Somente a morte, resoluta a esperar.
O cancro que aos poucos devora,
É o ídolo negro que mantêm insone,
Sem trégua, sem promessa de outrora,
Não existe mais dúvida que aprisione.
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