Despedida

E foi assim que tudo terminou

Quando ele feliz deixou de sentir dor

Ou talvez triste por não ter conhecido o significado da palavra amor

Mas condolência por condolência

Para ele agora é indolor

Os gritos da mãe

Os lamentos do pai

Os sentimentos do irmão

Se os direcionam à ele hoje é em vão

Se não fosse apenas matéria

Iria preferir os sorrisos da plateia.

Mas agora teatro acabou

Sim!

E o vazio alastrou-se enfim...

Ele saiu de um lugar que não almejou

Por fim.

Mas é preciso citar um culpado

Para acalmar o coracão exaltado

Pois o caos interno que causa o grilhão

É por pensar que tem sangue nas mãos

Mas tenho dito agora

A culpa não é de vocês

Ou pelo menos nenhum desses três

A culpa vem a ser minha

Ora veja que estranha relação

Não consegui mais ver nada além de agonia

E apenas uma saída para a situação

Não vi respostas satisfatórias para o que me afligia

Tampouco são ações compulsórias o que me resolveria.

Não se permita pensar que não tentei o bastante

Buscas hediondas com resultados frustrantes

Eu abri portas e  também as fechei

Se todas estavam erradas?

Sinceramente não sei

Nunca tive mesmo tanta perspicácia para notar o me rodeava

Mas sempre tive a audácia de escolher o que me matava

Se não vê aqui a concordância

Olhe para a atual circunstância.

Eu tive o que mereci

Do nada que fui

Nada me tornei

E nada na história eu serei

Nada além da lembrança de um menino que, por prazer, cuspia na lei.

Tudo o que fiz e tudo o que vi

Aos poucos me fizeram deixar de sorrir

E nessas experiências entendi:

Ninguém precisava me deixar

Era eu quem tinha que ir.

Foi por não ver mais sentido

Nem o valor de um momento vivido

Ou dos livros ainda não lidos

Por não sentir nem mesmo que meu coração esteve partido

E ainda mais do que isso me fez estar resolvido

Tudo o que ninguém gostaria de pensar ter ouvido.

Eu não ouvia o que se falava

Não entendia o que se explicava

Toda a beleza que eu não apreciava

O imenso mar depressivo em que me afogava

Entenda que meu ato final não era, afinal, o que me matava.

Encontrado o culpado

Enxuguem as lágrimas

Eu não chorei por deixa-los

Não me doeu presentea-los

Eu conheci a ilusão e posso dizer

É o que fui e não pude deixar de ser

Deixo-vos livres para ocupar meu lugar

Com qualquer outra coisa que queiram guardar

Um objeto de porcelana

Ou um cd do Legião Urbana

Ou qualquer dessas coisas que valham mais que uma existência profana.

Por fim agradeço a todos que compuseram a cena

Por desperdiçarem seu tempo

Por tanto tempo

Com quem não valia a pena

Espero que encontrem

Como eu não consegui

Encontrar uma essência

Que lhes dê algum prazer

De continuar contemplando a existência.

Alejandro Machado
Enviado por Alejandro Machado em 05/05/2019
Código do texto: T6639375
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